O que é a vitamina D, pra que serve?

Nutrição Saúde Mental

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Quando a luz do sol vira cuidado

Sabe aqueles dias em que a gente passa horas trancado em casa ou no trabalho e mal vê a luz do sol? Isso tem sido cada vez mais comum. E, sem perceber, esse hábito está diretamente ligado à falta de um nutriente vital: a vitamina D. Esse não é só “mais um suplemento da moda” — é um hormônio com papel fundamental para a saúde do corpo inteiro.

É impressionante pensar que algo tão simples como a luz solar pode influenciar nosso sistema imunológico, os ossos e até o humor. Muitas pessoas só descobrem a carência quando começam a sentir cansaço, dores ou baixa resistência a infecções. Por isso, vale a pena entender de onde vem essa vitamina, por que ela é tão importante e como usá-la da forma correta.

O que é a vitamina D e por que ela é tão importante?

A vitamina D é um micronutriente essencial que o corpo produz com a ajuda da exposição solar. Diferente de outras vitaminas, ela age como um hormônio e participa de diversos processos: fortalecimento dos ossos, modulação da imunidade, prevenção de doenças autoimunes e até regulação do humor. Sua ausência pode deixar o corpo mais vulnerável e sem energia.

Além de ajudar o organismo a absorver o cálcio, a vitamina D participa do equilíbrio de outros minerais, como o fósforo. Isso torna seu papel essencial para prevenir osteoporose, raquitismo e fraturas. Estudos também mostram que níveis adequados de vitamina D podem proteger contra gripes, resfriados e até condições mais graves, como doenças cardiovasculares.

A principal fonte: o sol

A exposição ao sol é a forma mais natural e eficaz de produzir vitamina D. Quando a luz ultravioleta B (UVB) atinge a pele, o corpo começa a fabricar essa vitamina. Em média, 15 a 30 minutos de sol por dia (sem protetor solar e com boa parte da pele exposta) são suficientes para manter os níveis equilibrados, principalmente entre 10h e 15h.

Mas nem todo mundo consegue essa exposição ideal. Quem mora em regiões com pouco sol, trabalha em ambientes fechados ou tem pele mais escura pode ter dificuldade em produzir vitamina D naturalmente. Idosos e pessoas com sobrepeso também absorvem menos. Por isso, em muitos casos, é necessário buscar outras fontes.

Fontes alimentares de vitamina D

A alimentação pode contribuir, mas em menor escala. Os alimentos mais ricos em vitamina D são de origem animal: peixes gordurosos como salmão, sardinha, atum e cavala são os campeões. Ovos (especialmente a gema), fígado e laticínios fortificados também oferecem uma boa quantidade do nutriente.

Alguns alimentos industrializados são enriquecidos com vitamina D, como leites vegetais, margarinas e cereais. Mesmo assim, dificilmente conseguimos atingir as quantidades ideais só com a alimentação. Por isso, quando o sol não dá conta, e os alimentos são insuficientes, os suplementos se tornam aliados importantes.

Quando a suplementação é necessária

Muita gente só descobre que está com deficiência de vitamina D depois de fazer exames de sangue. Os sintomas costumam ser sutis no começo: fadiga, baixa imunidade, dores no corpo, tristeza constante. Níveis abaixo de 30 ng/mL já podem indicar necessidade de reposição — e isso deve ser feito com acompanhamento profissional, pois existem patologias ou situações que precisa de uma dose maior.

Os suplementos podem ser encontrados em cápsulas, gotas ou sprays e costumam vir nas formas D2 (ergocalciferol) ou D3 (colecalciferol), sendo esta última a mais eficaz para humanos. A dosagem depende do seu nível atual, da idade, do peso corporal e da exposição solar. Evite se automedicar — o excesso de vitamina D pode causar intoxicação e prejudicar rins e coração.

Qual a melhor forma de tomar vitamina D?

Para aproveitar bem a suplementação, é importante ingerir a vitamina D junto com uma refeição que contenha gordura boa, como abacate, azeite, castanhas ou ovos. Isso porque a vitamina D é lipossolúvel, ou seja, precisa da gordura para ser absorvida corretamente pelo organismo.

Evite tomar vitamina D com o estômago vazio ou junto com fibras em excesso (como farelo de aveia ou psyllium), pois isso pode dificultar a absorção. Em alguns casos, médicos indicam tomar junto com vitamina K2 e magnésio para melhorar os efeitos no metabolismo ósseo e cardiovascular. Tudo depende do seu caso individual.

Tabela: Quantidade de Vitamina D por 100g de Alimento

AlimentoVitamina D (UI / 100g)Fonte / Referência
Óleo de fígado de bacalhau10.000 UIUSDA FoodData Central (2024)
Salmão (selvagem, cozido)526 UIUSDA FoodData Central (2024)
Sardinha (enlatada, com óleo)272 UIUSDA FoodData Central (2024)
Atum enlatado em óleo268 UIUSDA FoodData Central (2024)
Gema de ovo (crua)218 UIUSDA FoodData Central (2024)
Fígado de boi (cozido)49 UIUSDA FoodData Central (2024)
Leite integral fortificado40-50 UINIH – Office of Dietary Supplements (2024)
Margarina fortificada350 UIANVISA / TACO (2023)
Cogumelos expostos ao sol (Agaricus bisporus)450 UINutrients Journal (2023)
Queijo cheddar24 UIUSDA FoodData Central (2024)

Recomendação diária de vitamina D (UI por dia)

A necessidade diária de vitamina D varia de acordo com a idade, condições de saúde, exposição solar e outros fatores individuais. Abaixo estão as recomendações atuais segundo autoridades como o Instituto de Medicina (IOM), NIH e atualizações mais recentes da Endocrine Society e sociedades brasileiras:

Faixa etária / condiçãoQuantidade recomendadaReferência
Bebês (0–12 meses)400 UINIH / IOM
Crianças (1–18 anos)600 UINIH / IOM
Adultos (19–70 anos)600 a 800 UINIH / IOM
Idosos (>70 anos)800 a 2.000 UINIH / Endocrine Society (2023)
Gestantes e lactantes600 a 800 UINIH
Pessoas com deficiência diagnosticada2.000 a 10.000 UI*Endocrine Society / SBEM (2024)
Pessoas com pouca exposição ao sol ou obesidadeaté 4.000 UIEndocrine Society / SBEM

*Doses acima de 4.000 UI por dia devem ser usadas apenas com orientação médica e controle laboratorial.

Vitamina D e saúde mental

Nos últimos anos, cientistas têm observado uma relação entre níveis baixos de vitamina D e sintomas de depressão, ansiedade e cansaço crônico. A explicação está na forma como essa vitamina participa da produção de neurotransmissores como a serotonina — um dos responsáveis pela sensação de bem-estar.

Em um estudo recente de 2023 publicado no Nutrients Journal, participantes com depressão leve a moderada apresentaram melhora significativa após normalizar os níveis de vitamina D. Ainda que a vitamina não substitua tratamento psicológico ou psiquiátrico, ela pode sim fazer parte de uma abordagem mais completa e natural para o cuidado com a saúde emocional.

Um cuidado simples que faz toda a diferença

Às vezes, pequenos ajustes na rotina — como alguns minutos ao sol ou uma suplementação bem orientada — podem transformar sua saúde de dentro pra fora. A vitamina D é uma dessas aliadas silenciosas que agem em várias áreas do corpo sem alarde, mas com muita eficiência.

Se você anda cansado sem motivo, pega resfriado com frequência ou sente os ossos mais frágeis, talvez seja hora de olhar para seus níveis de vitamina D com mais atenção. Com orientação e cuidado, é possível manter tudo em equilíbrio e viver com mais energia, leveza e saúde.

Observações:

  • A dose ideal varia conforme os níveis sanguíneos de 25(OH)D. O objetivo é manter o nível entre 30 e 60 ng/mL para a maioria das pessoas.
  • Pessoas com osteoporose, doenças autoimunes, obesidade ou pele escura podem precisar de doses maiores.
  • A exposição ao sol por 15 a 30 minutos ao dia, com braços e pernas descobertos, já pode ser suficiente para muitos adultos saudáveis.

Referências:

  1. USDA FoodData Central. U.S. Department of Agriculture. https://fdc.nal.usda.gov
  2. NIH Office of Dietary Supplements. Vitamin D Fact Sheet for Health Professionals. 2024. https://ods.od.nih.gov
  3. ANVISA / TACO. Tabela Brasileira de Composição de Alimentos. Universidade de Campinas (UNICAMP), 2023.
  4. Nutrients Journal. (2023). Vitamin D content in UV-exposed mushrooms. Nutrients, 15(3), 515.
  5. National Institutes of Health – Office of Dietary Supplements. (2024). Vitamin D Fact Sheet
  6. Endocrine Society Clinical Practice Guideline. Holick et al. (2023). J Clin Endocrinol Metab.
  7. SBEM – Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Recomendações para diagnóstico e tratamento da deficiência de vitamina D. Atualização 2024.

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